Vidas podem ser salvas com apenas um “sim”?

No hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, a taxa para a aceitação de famílias sobre a doação de órgãos é de 62%

Em todo o País, 40% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após a morte encefálica comprovada.

Os dados se referem a um estudo da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), divulgado em 2019.

No Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém (PA), a taxa de aceitação das famílias atingiu 62%, após ações educativas e de conscientização sobre a importância de ser um doador.

Esse trabalho informativo à população é realizado na unidade, por meio da Organização de Procura de Órgãos (OPO). Antônio Carlos, coordenador da OPO no HRBA, comenta o acolhimento realizado aos familiares após a confirmação da morte encefálica do paciente.

“Buscamos a autorização junto à família para a doação dos órgãos, ressaltamos a importância desse trabalho para salvar vidas e nos dedicamos para esclarecer todas as dúvidas”, explica.

O transplante que mudou a vida de Elizabete

Há dois anos, Elizabete Damasceno ganhou uma nova chance e pode recomeçar a sua vida ao receber um novo órgão. Aos 38 anos, ela lembra os momentos difíceis e como a cirurgia de transplante de rim mudou tudo.

“Eu tinha os rins atrofiados, fazia diálise duas vezes por semana. Com a doação do órgão, tive a oportunidade de renascer para uma nova vida”, afirmou.

Mantido pelo Governo do Pará e gerenciado pela Pró-Saúde, entidade com mais de 50 anos na área de serviços de saúde, o HRBA é referência para 1,3 milhão de pessoas.

Desde 2012, o Regional do Baixo Amazonas é habilitado pelo Ministério da Saúde para captação múltipla de órgãos. Já foram realizadas 36 captações que resultaram na doação de 141 órgãos até agosto de 2020. A unidade agora busca habilitação para a realização de transplante de córnea.

“A partir de incentivos da Pró-Saúde e do Governo do Estado, nos tornamos também uma unidade com um consolidado serviço de transplantes de rins, alcançando a marca de 62 transplantes até este mês de setembro”, explica Hebert Moreschi, diretor Hospitalar do HRBA.

As buscas por doadores de órgãos são realizadas diariamente pela equipe da OPO em diversas unidades de saúde na região do Baixo Amazonas. Quando identificado o possível doador, é feito o monitoramento do caso.

Se confirmada a morte encefálica do possível doador, são realizados testes clínicos e exames complementares. A equipe inicia, então, o processo de acolhimento da família, para que a doação seja autorizada conforme necessário pela legislação.

No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. De acordo com o Ministério da Saúde, não há como garantir efetivamente a vontade do doador, no entanto, quando a família tem conhecimento do desejo de doar pelo parente falecido, esse desejo costuma ser respeitado.

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