Profissionais atuam diretamente na abordagem familiar para doação de órgãos

No Hospital Estadual de Urgência e Emergência, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante conta com sete profissionais.

“A solidariedade de um ‘sim’ para doação de órgãos, mesmo diante do sofrimento, é uma oportunidade de recomeços para outras pessoas”. A afirmação é do enfermeiro Thiago Martins, que atua na Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), no Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória. A declaração reforça a importância da comunicação efetiva da equipe multidisciplinar durante a abordagem familiar para verificar a possibilidade de um potencial doador de órgãos.

O HEUE conta com uma Cihdott composta por sete profissionais, entre médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos. A importância deste serviço é ressaltada neste mês, em que é realizada a campanha “Setembro Verde”, que faz menção ao Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado no dia 27 de setembro. A Cihdott busca viabilizar novas captações que podem mudar a vida de outras pessoas, visto que um único doador pode salvar até oito pessoas.

Por mês, a Cihdott do HEUE realiza em média 15 atendimentos com objetivo de ampliar o número de doadores de órgãos. No primeiro semestre de 2019, 24 famílias autorizaram a doação. “A entrevista familiar é uma atribuição destinada à equipe multidisciplinar, cujo objetivo é dar oportunidade à família de transformar a perda de seu ente querido em um ato nobre de amor”, explica Thiago Martins.

Segundo o enfermeiro, a partir do momento em que a equipe multidisciplinar identifica, através dos achados clínicos, a possibilidade de o paciente evoluir para a morte encefálica, é iniciado um acompanhamento familiar no intuito de deixar a família preparada para quaisquer eventualidades. Com isso, são realizados todos os exames confirmatórios de morte encefálica. Depois de confirmado o diagnóstico para morte encefálica, a equipe realiza a abordagem para doação.

“O acolhimento com suporte emocional realizado pela equipe de Psicologia é importantíssimo, independentemente do desfecho para doação. São pessoas que estão em processo de luto, mas que também poderão ter a oportunidade de proporcionar novos recomeços”, concluiu.

As experiências diante da abordagem familiar

Lidar com o sofrimento alheio não é uma tarefa fácil. Nessas horas, é essencial estar disponível para o acolhimento familiar. Para a psicóloga do HEUE, Caroline Pimentel, cada história contada durante o acolhimento gera muita emoção na equipe. “Certa vez, em uma família que acabara de ser informada sobre a possibilidade de doação de órgãos, o irmão do doador lembrou que ele passou a ser doar sangue com frequência após completar 18 anos. Então o ‘sim’ veio. Não existem palavras que descrevem o sentimento, quando as famílias nos dão a oportunidade de conhecer suas histórias e participar deste ato tão generoso”, conta a psicóloga.

Caroline afirma que autorizar a doação de órgãos de um familiar não é uma atitude fácil, tampouco tranquila, e deve ser compreendia pela equipe que está envolvida no processo.

“A equipe precisa estar preparada para esclarecer todas as dúvidas. Algumas barreiras podem ser rompidas quando a família tem a atenção da equipe e passa a conhecer o processo de doação de órgãos. Tem família que se preocupa com a aparência do paciente após a captação, e até o tempo de espera para a realização do procedimento cirúrgico. A família precisa se sentir acolhida e esclarecida quanto ao desejo do ‘sim’. Em contrapartida, o ‘não’ deve ser respeitado e compreendido pela equipe, e o amparo e suporte deve ser o mesmo”, explicou.

No Espírito Santo, a Lei Estadual 10.374/2015 inclui no calendário oficial do Estado o “Setembro Verde” como o Mês de Conscientização Sobre a Doação de Órgãos”.

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